quinta-feira, setembro 16, 2004

Europa Procura-se...


Europa Procura-se...



Desapareceu nos últimos 50 anos a velhinha “Europa”, a milenar senhora está desaparecida da vida e das preocupações da generalidade dos portugueses.
A maioria dos portugueses sente-se “não muito bem “ ou “nada” informada acerca do alargamento. 73 por cento dão a mesma resposta em relação ao Euro e não mostram qualquer interesse no futuro da Europa. Este é o resultado de um Eurobarómetro especial, realizado pela Comissão Europeia junto de 16 mil pessoas entre 5 de Março e 24 de Abril, dedicado ao alargamento, o Euro e o futuro da Europa. A esmagadora maioria dos portugueses não consegue identificar qualquer país candidato à adesão à UE, não tem opinião sobre quais os países que deveriam aceder primeiro, nem quais os países que não deveriam aceder. No entanto, 84 por cento considera que a UE deveria ser alargada num futuro próximo.
Mas afinal onde pára a Europa? Numa época em que as questões europeias chegam a nossa casa por todos os lados, os portugueses ainda questionam a sua utilidade, se tivermos em conta que as eleições para o Parlamento europeu estão para breve, é legítimo questionar qual o grau de capacidade que grande parte do eleitorado português tem para decidir sobre essa matéria.
A Europa não existe na minha freguesia, e pergunto-me se existirá mesmo no meu país. A integração europeia das populações locais é um grande desafio que deve ser assumido pelos responsáveis nesta matéria. A habilitação e qualificação das populações para os assuntos europeus, não só enrique-se a qualidade das mesmas como legítima, através de um voto consciente, as decisões tomadas.
O alargamento traz consigo uma oportunidade única para as empresas portuguesas que verão alargado como nunca antes os seus mercados, No plano do investimento directo no estrangeiro, o alargamento apresenta um grande potencial de atractividade devido a factores de especialização de mão-de-obra e
de mercado. É necessário e urgente explicar isso aos investidores e à população portuguesa em geral.
A criação de uma cidadania realmente europeia deve ser o esforço último da integração, para que afinal não sejam apenas europeus os membros das elites intelectuais, mas antes os portugueses no seu todo, o cidadão comum, aquele mesmo que veste o fato de treino ao Domingo e discute o jogo do Benfica no café, a Europa deve alcançar também este plano, deve entrar na vida comum do cidadão português, na sua preocupação quotidiana.
Para que tal acontece, é necessária uma consciencialização eficiente das populações, uma entrada manifesta nas suas vidas, uma Europa que procure os Europeus que a compõem. Para desempenhar esta função crucial, não obstante os inúmeros esforços efectuados por muitos organismos competentes na matéria, as Universidades que se dedicam ao estudo e tratamento destes assuntos, devem realizar esforços junto das populações no intuito de veicular o seu saber, através de estratégias bem delineadas e eficientes, com vista a uma crescente aproximação das populações para os assuntos europeus.
A velha senhora que assume para breve novos desafios, nomeadamente através do seu maior alargamento de sempre e pelos esforços desenvolvidos no sentido de munir a união de um braço forte de defesa militar, capaz de a proteger dos atentados terroristas que afinal não eram assim tão infundados, bem como libertá-la ao mesmo tempo da esfera de influência norte-americana sob a égide da OTAN, deve chegar ao conhecimento de todos, não para que um dia o cidadão se sinta exclusivamente europeu, mas antes para que para além de português o cidadão se sinta também europeu e nacional dos Estados Unidos da Europa.


Nelson Ventura
Posted by Hello