quarta-feira, setembro 22, 2004

Se que pareço um ladrão mas há muitos que eu conheço que, sem parecer o que são, são aquilo que eu pareço.



Se pedir, peço cantando,
Sou mais atendido assim;
Porque, se pedir chorando
Ninguém tem pena de mim.

Quem me vê dirá: não presta,
Nem mesmo quando lhe fale,
Porque ninguém traz na testa
O selo de quanto vale.

Sou humilde, sou modesto;
Mas, entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p’ra nada.

É um moço inteligente
O que passou há bocado;
Julga enganar toda a gente,
Mas ele é que é enganado.


Uma mosca sem valor
Poisa, com a mesma alegria,
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.


Foges de mim sei porquê;
Queres ser grande, não estranho:
Receias que quem nos vê
Te julgue do meu tamanho.

Casado que arrasta a asa
À mulher deste e daquele.
Merece que tenha em casa
Outro homem em lugar dele.


António Aleixo Este Livro que vos deixo 1969 Posted by Hello