segunda-feira, março 28, 2005

Palavras Soltas



Sem grande fundamento teórico nem conceptual, decidi expor ao longo de poucas linhas, um pensamento que me ocorreu, aceitando desde já todo o desprezo intelectual que possa gerar.
Muito autores e ao longo de vários séculos, abordaram a questão da governação do Estado, se seria legítimo deixá-lo ao cargo dos melhores oradores que conseguiam iludir ou agradar as massas com os seus discursos sofísticos, muitos como Platão, por exemplo, propuseram mesmo que o governo deveria ser entregue aos filósofos quando estes se tornassem políticos e os políticos se tornassem filósofos. A política é a arte de conciliar contrários, a tensão entre a liberdade e o poder. Se o político provêm do social, porque o homem é por natureza um animal político (anthropos physei politikon zoon) conforme afirmou Aristóteles e se a sua evolução é feita pela crescente satisfação de necessidades, o espaço político é um espaço superior a tudo isso, da crescente complexidade das relações humanas, vão sendo satisfeitas as necessidades de bem estar e segurança e o caminho para o espaço político vai avançando, e a passagem da racionalidade técnica para a racionalidade ética, onde impera a justiça, conforme afirma o Professor Adelino Maltez.
Se o espaço político é diferente, quem deve então governar? Não concordo com a criação de uma elite governativa de sábios que governem os Estados, ocorreu-me todavia que, sendo os interesses do Estado da maior competência, deveriam ser entregues por isso a quem demonstre e possua capacidades para os defender e representar.
Não consigo entender a lógica dos partidos, haverá apenas pessoas competentes nas fileiras dos partidos? Não haverá pessoas competentes, sem orientação à esquerda ou à direita, capazes de apenas pelo rigor, determinação e bom senso decidir o que é melhor. Talvez um governo de técnicos me pareça fazer mais sentido, uma espécie de tecnocracia, onde o Estado é gerido como uma empresa, onde impere contudo o respeito e a solidariedade social.
Faz assim sentido, aos olhos de um leigo na matéria como me assumo, a criação de um partido, sem orientação ideológica de base, nem à esquerda nem à direita, de jovens universitários ou recém-licenciados, que se propusessem a orientar os rumos do Estado, sem demais interesses, apenas pela competência técnica do seu saber e pela determinação das suas convicções.
Posted by Hello

7 Comments:

At 5:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Mas quem governa realmente, os partidos? não creio, por detrás de tudo há sempre algum interesse, e não me refiro apenas aos grandes grupos económicos.
Existem muitas coisas que não passam, ou passam mal, quem assassinou afinal Sá Carneiro?

 
At 12:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Chamam-nos [aos quasi-licenciados] "idealistas" por pensarmos que podemos mudar o mundo. Eu gostaria de acreditar que me insiro neste campo...porque ñ pensar que o é possível nem que seja nas pekenas coisas?? ~
Poderá parecer k ñ tem muito a ver, mas mudar todo um sistema não é senão isso!
Uma tecnocracia poderá ser um tema bastante complexo e interessante. Devo questionar se será um porblema de ideologias ou apenas a teoria do bom selvagem k estará em causa.
Os sistemas funcionam bem ou mal consoante as pessoas que os representam, que agem em nome deles. E cmo em tudo, há bons e maus, enkuanto pessoas ou técnicos. Será então esse governo tecnocrático não uma mistura de ideologias mas um grupo de técnicos especializados em diferenets áreas para dirigir ministérios? Onde ficaria então a arte de "parlar"?
A verdade é que o que nos falta hoje é esse «rigor, determinação e bom senso». O percurso de muitos políticos parece mergulhar na demagogia e esquecer as necessidades do país.
Espero que surja a discussão, que haja debate para que o futuro se construa com bases sólidas no «respeito e na solidariedade social» e não apenas como uma mera empresa tendo por base o lucro.
Como leiga, aqui deixo apenas a minha opinião. :o)

Cláudia

 
At 5:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O mundo não muda do pé para a mão, as ideias perdem-se e com o tempo verás "Onde ficaria então a arte de "parlar"? dizes tu, em lado nenhum, falar já não chega é preciso agir.

Um bom orador sabe convencer do que é melhor (mesmo não sendo) uma plateia de doentes do que um médico com o seu saber, é um ignorante a falar para ignorantes, não sou tão extremista como o post, mas são ideias soltas, não são para levar a 100%

 
At 11:51 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tive oportunidade de discutir a teoria tecnocrática ctg e mais percebê-la kd se falou do Freitas do Amaral na Tertúlia em k tiveste. Concordo.
Tb acredito k é necessário agir e neste país é mesmo muito urgente, nos mais variados aspectos!
O problema é k não podemos ficar-nos pela ideia de que temos k ser ignorantes para falar a ignorantes, mas tentar (ao máximo) que sejamos todos esclarecidos! Lembro-me das palavras de Adriano Moreirqa na 5ª kd dizia k temos k ter visão estratégica, e acredito nisso piamente! COntinuamos (portugueses) à espera de um D.Sebastião, julgamos k vivemos no século XV kd tínhamos tudo e ñ fazíamos nd! Ou arriscamos uma especialização rápida em sectores cmo o Turismo ou memso a organização de eventos (ex. o Euro) ou seremos mais k um país periférico!!
É esse o meu medo! É isso k ngm ker ouvir...Neste país é dificil ser inovador, pk há smp algm k o receia! Criar projectos ainda é mais complicado, cmo tu tb tens expericÊncia! Infelizmente as "mentalidades nao se mudam por decreto", mas serão necessárias crises para tal?
Isto são apenas ideias soltas... acho k basta d olharmx para o nosos umbigo e ver k há mundo além do nosso país! Digo eu...
Agora...agir é mais que urgente! Cmo? Podemos discutir isso novamente! lol

Cláudia

 
At 3:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Mas e porque seriam só universitarios e recem-licenciados? Será que não há pessoas inteligentes sem ser em universidades e com diplomas? Mas concordo completamente com o resto que disseste... e já pensei nisso varias vezes.. ainda bem que encontro alguem que pense como eu nesse aspecto.

 
At 2:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já estava na altura de resuscitares este blog. Tens grandes pensamentos, e gostava bastante de voltar a ler as tuas palavras.

Força.

 
At 5:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Viva!

Muito interesante o texto e as ideias que apresentas, no entano não sei se seria humanamente possível formar um partido sem qualquer ideologia quer seja à direita quer seja à esquerda pois reunindo apenas técnicos, que acima de tudo também são Homens, todos eles teriam uma diferente percepção acerca de tudo o que é indispensável para a condução de um estado, uns situados num campo ideológico mais à esquerda outros mais à direita, o que talvez pudesse levantar algum conflito de interesses. Ao gerir o estado como uma empresa a gestão do mesmo seria feita apenas com o objectivo de lucrar, de retirar o maior proveito de tudo, e as questões sociais onde ficam aqui?

Penso que a raíz do mal não se encontra nos partidos ou nas suas ideologias mas sim em quem os governa, todo o político promete ser justo e lutar apenas para bem da sociedade, no entanto assim que chegam ao poder tratam logo de encher os seus próprios bolsos, esquecem promessas, esquecem ideologias, a política e os cargos são utilizados como forma de enriquecer e de benefício para os detentores dos cargos. Primeiro que tudo deveríamos mudar os rostos políticos, votar apenas em quem realmente queira chegar ao poder para lutar efectivamente pelo bem da sociedade, mas onde arranjar esses políticos??

E como alguém também já comentou será que as pessoas sem diploma e sem curso não poderão realmente ser bons administradores e com créditos e inteligência suficiente para reger um país justamente?

A política é um meio sujo, e assim que começa a meter dinheiro e poder os ideais ficam à porta.

Deixo-te os parabéns pelo excelente texto e pelo bom blog. Continua com o bom trabalho.

 

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