sexta-feira, julho 29, 2005

Palavras Soltas


Posted by Picasa Queria deixar umas linhas, sem grande preocupação, e deixando fluir o pensamento, sobre um tema que embora já deslocado no tempo, merece umas palavras, tendo em conta anteriores post sobre a União Europeia, merece-me analisar o não ao Projecto de Tratado Europeu.
Muitos se apressaram a justificar o não francês, com razões de política interna, e se a históra comprova que a política externa sempre influenciou a política interna, este motivo pode merecer algum apreço, e a verdade é que as políticas de Jean Pierre Raffarin estavam longe de satisfazer os franceses, associado também ao medo da entrada em força da China no mercado mundial,. Todavia, fundamentar o não de um país que sempre se assumiu como o paladino da democracia e do projecto europeu, num simples descontetamento interno, não é mais do que passar um atestado de burrice ao povo francês. Sem dúvida que as questões europeias estão longe da decisão consciente da maioria dos europeus, se a política em geral se afasta cada vez mais dos cidadãos, as políticas europeias estão a anos de luz.
O Projecto europeu, que procura “Unir na Diversidade”, parece cada vez mais estar minado nas suas raízes. Feito na sua maioria à margem das populações, a Europa foi-se construíndo vazia de conteúdo, o que é uma União sem cidadãos? Um projecto ferido de legitimidade. A integração tem de começar nas suas células primárias, na unidade base da sua composição, fundar princípios e direitos comuns, longe dos cidadãos é perpetuar o erro.
Outro aspecto que me preocupa foi a rápida decisão dos líderes europeus, em contornarem o não, procurando decidir a nível governamental alguns aspectos menores da Constituição, quem votou não, votou bem ou mal, conhecendo ou desconhecendo, na rejeição em bloco da Constituição, passar por cima disto, mesmo que em aspectos menores, parece-me pouco coerente com os princípios democráticos. Para entrar em vigor, o novo Tratado deveria ser ratificado por todos os Estados Membros, eram estas as regras do jogo, alterá-las depois dos dados lançados, não é mais do que pura e descarada batotiçe.
Sempre fui um Eurofórico, acreditando numa Europa em que o jogo era de soma positiva para todos os que dela faziam parte, não me parece que as alterações do novo tratado sejam de tal forma supranacionais que ponham em causa a soberania dos Estados-Membros, embora a linguagem constitucional assuste muitos Eurocépticos, a verdade é que a raízes do problema reside afinal no desconhecimento, o medo em relação à liberdade económica, à perda de direitos sociais, à imigração, ao desemprego, a arrogância da classe política, o pensamento neoliberal, o fantasma da imigração, a América, as teorias conspirativas em relação a Bruxelas, o medo da China e todo um conjunto de ideias pré fabricadas que compramos, levam-nos a posições eurocépticas ou eurofóricas, quando afinal o que precisamos é de ser EUrolúcidos.

3 Comments:

At 7:22 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Grande regresso.
Não acredito muito nesta União Europeia. É mais uma falsa união hipócrita que visa a controlar algo. Gostava que fosse Eurolúcida, mas parece que tendencia é precisamente a contrária, tentando cegar ao máximo com referendos confusos,quem ainda a tenta perceber.

Fica bem

 
At 5:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Já não era sem tempo que voltava a ver coisas novas aqui, qto à Europa, parece-me simples, ninguém sabe bem como, qdo, de que forma e onde, e também n m parece q alguem queira saber ou queira explicar.

 
At 1:14 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ora aqui está um tema que vai dar pano para mangas... :o) Como disse algm anónimo, fico contente por teres voltado "à accção" e parabéns pelo tema!
Para ser sincera, nem sei muito bem por onde começar, mas como diria o Maltez, há que começar pelo princípio.
O 'não' francês. Para mim, foi realmente o reflexo da política interna francesa e do sentimento de insatisfação da população, a qual, querendo castigar o governo o que fez somente foi pôr em causa o projecto de integração europeu.
Em Portugal não me admirava muito que o mesmo sucedesse, ou não tivessemos nós um Estado-providência que, quer faça muito sol ou chova demasiado, é culpa é sempre do governo. Sim...o direito e mais ainda, o dever de votar esse pouco interessa...:/
E claro, com a União Europeia passa-se exactamente o mesmo. Vejamos...entramos em 1986 e, se não estou em erro, para o ano comemorar-se-á 20 anos...20 anos a receber fundos...para continuarmos na cauda da Europa. Ahh, mas claro que isto é culpa da UE, não da população, não daqueles muitosss que meteram dinheiro ao bolso, construiram casas, compraram carros e abandonaram a agricultura. Claro que não... para os portugueses o único significado que a UE tem é 'fundos comunitários' o resto...o resto não interessa.
Depois existem aqueles que «não acreditam não União Europeia» ou como diz o anónimo, gostavam que ela [a entidade...] fosse Eurolúcida. Ahhh, sim. Ora aí está um pormenor que eu gosto de ouvir... a tal entidade distante da qual NÂO fazemos parte, para a qual NÂO votamos, NEM temos nada a dizer. Como se não nos afectasse em nada, como se não nos dissesse respeito!!!!:o
Para mim, a tal «União sem cidadãos...o projecto ferido de legitimidade» começa aqui. começa com este pormenor! Quando delegamos na"entidade" aquilo que nos diz respeito, o direito e o DEVER de nos preocuparmos com o que se passa, o DEVER de nos informarmos (porque em Portugal, tudo o que não caia no sofá em frente ao televisor ou não apareça na TVI não diz respeito a metade do país!!!!!:/) sobre o que se passa, sobre o que acontece!! Mas porque é que alguém se há-de preocupar com o que se passa "lá fora" (como ouço muitos dizerem) se ´ninguém se preocupa como que se passa cá dentro??? Ou não estivesse este país de pantanas?! A LEGITIMIDADE (ou falta dela) começa nos cidadãos despreocupados, que preferem ignorar o que se passa que procurar informaçõ sobre o minimo que seja (mas isto dá outro tema para discutir.....).
De qualquer forma, a questão de se contornar o não é, para mim uma faca de dois gumes. Sim, dever-se-ia fazer um referendo de forma a que as pessoas possam exercer os seus direitos! No entanto, se me perguntarem se em Portugal se deveria fazer um referendo?? A resposta é que NÂO, mas um não absolutamente redondo!!! E~tem a ver exactamente com esses direitos que as pessoas não exercem!! A população portuguesa não estava minimamente informada (na primeira data prevista para o referendo)e negligenciar isso (por parte sobretudo do governo eorganizações, câmaras e juntas de freguesia!!!) seria (como foi em França, por ex.) pôr em causa o trabalho exercido por Governos, Sociedade Civil, Organizações que durante cerca de dois anos tentaram chegar a um consenso que pudesse ajudar a União no projecto de Integração. Muitos dizem que as negociações foram muitas vezes influenciadas por Giscard d'Estaign o que me parece possível, todavia isso não impedia que o processo decorresse. E como diria Mário Soares "o óptimo é inimigo do bom" e penso que foi o que aconteceu com todo este Tratado.
O interesse nacional está muito acima do interesse comum, e isso não faz uma união.
A minha esperança é que, como disse Adriano Moreira, as pessoas se tornem Eurolúcidas...começa por nós! A União Europeia não é bicho papão, nem lago distante que não nos afecta muito pelo contrário!!A mentalidade portuguesa é que tem de mudar, de preferência evoluir rapidamente, porque enquanto pensarmos em fundos, e na "mama" que chega sempre que preciso não evoluímos nem fazemos por este país aquilo que ele merece.
"Da palavra à accção"...

*Claudia*

 

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