Já não há Marx

O dinheiro não compra a felicidade, mas com ele compra-se sorrisos e um sorriso traz felicidade, com dinheiro as discussões são menos, as depressões menos fortes e a tristeza reduzida. E não há nada melhor que o supérfluo para nos encher o espírito, acreditar que as coisas são diferentes é não querer ver a natureza animal do Homem. Comer bem, vestir bem, gastar bem, alimenta o tonel sem fundo que compõe o homem, “o pouco já não nos basta e o muito, quando há, também se gasta”.
“O trabalho deve ser dignificante e fazer sentir bem”, dizia em músicas que escrevi há uns anos atrás, quando acreditava em Marx, quando tinha sonhos, quando a vida era uma bola de sabão que pairava sem rebentar, leve, serena…
Mas a vida corrompeu-me como o poder corrompe o tirano que o detém e pensei que o corriqueiro me bastava, que o supérfluo chegava, que o hábito despertaria em mim algum gosto por tarefas que nunca gostei.
Enganei-me…

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