quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Excluído por não se encontrar desempregado



Caros amigos,

Sou mais um dos quase 500 mil desempregados deste país, no entanto, para os organismos públicos não tenho esse estatuto.

Passo a explicar a minha situação, sou recém-licenciado de uma Universidade Pública mas durante a frequência do meu curso procurei sempre manter uma ocupação profissional em part time de forma a conseguir suportar os encargos da minha educação, (saliente-se que estava sujeito à propina máxima, não usufruindo de qualquer bolsa por estar empregado) para além de ser fundamental para garantir a continuidade na Faculdade, sempre achei também que seria uma mais valia, estar de alguma forma, ainda que trabalhando em empregos altamente precários, ligado ao mercado de trabalho e entendendo o seu funcionamento.

Tudo isto sempre foi muito bonito e digno até que me deparo com uma nova situação, o meu empregozito em part time afinal de contas é um forte entrave a todas as portas que procuro abrir. Parece que estou impossibilitado de usufruir desse magnífico estatuto de ser desempregado.

Concorri a mais de 15 estágios profissionais promovidos pelo Programa Estágios Profissionais na Administração Pública, bem como a um número significativo de Ofertas de emprego na Função Pública, e eis que em todos eles surge a mesma resposta “Excluído por não se encontrar desempregado”, ora afinal eu sou um empregado? Afinal o meu trabalho em Part-Time num Call-Center é o suficiente para à partida estar excluído? O objectivo parece claro: vamos favorecer os preguiçosos e indolentes.
Numa altura em que se fala do Plano Tecnológico, da inserção de jovens licenciados nas empresas, de todo um conjunto de medidas que visa a integração eficiente dos jovens na vida activa, esta medida parece-me de uma excelência inigualável. Não tenho qualquer dúvida que de futuro vou procurar ensinar aos meus filhos essa bela arte da preguiça para que eles possam descansadamente concorrer a tudo o que têm direito, sem que a expressão “excluído por estar empregado” os persiga.
Sem dúvida que os critérios de selecção para a atribuição destes estágios são de um alcance notável, mais não seja por darem preferência a jovens à procura do primeiro emprego, ou seja, pessoas com pelo menos 22 anos que nunca tiveram qualquer emprego e que se foram acomodando com a ajuda dos pais, durante os anos da sua licenciatura, a uma vida fácil.
Afinal de contas o meu emprego em Part-Time é um emprego e estou excluído, não interessa que seja numa área para a qual não tenho formação ou que nem sequer exija formação, ou se é em Part Time ou até mesmo se visa possibilitar a conclusão de uma licenciatura, isso pouco importa, o que interessa é que não estou desempregado e cometi um grande erro: decidi um dia trabalhar.


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sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Palavras Soltas



Será que Huntington afinal tinha razão? Será o choque de civilizações? Ou apenas a aproveitar oportunistas de grupos fundamentalistas para fomentarem o caos?

Será o choque com os valores da liberdade de expressão jornalística Ocidentais? Ou o hábito cego dos Estados controlarem as notícias publicadas?

Será apenas mais um pretexto para repudiar o ódio contra os Muçulmanos que se gerou no pós -11 de Setembro? Ou uma tentativa de em muitos países as populações muçulmanas de imigrantes manifestarem-se contra a sua condição social?

Será a resposta directa ao imperialismo Norte-Americano?

É o “Fim do Fim da História”….

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