terça-feira, janeiro 29, 2008

O que poderá levar as pessoas a partilhar vidas em comum?

O que é que está por detrás da instituição matrimónio para além da própria necessidade gregária?

A resposta é complexa e talvez se prenda com uma certa necessidade de provarmos a nossa própria existência, garantirmos que temos alguém para partilhar a história da nossa vida, porque o rebuliço quotidiano facilmente tornaria a nossa existência ainda mais mísera e mesquinha.

Uma relação encerra também um certo carácter metafísico, porque nas relações de longa duração, existe uma mística de evolução, um passado comum. A este respeito lembro-me sempre da ideia de uma partilha de sonhos e da própria consciência de um passado comum, à semelhança dos sentimentos que nos incutem a pertença a uma Nação.

Quando penso em relações, para além do sexo, da amizade e da conveniência que elas trazem, sinto que nelas algo de mais importante se encerra, é a própria ideia de compromisso, não na óptica de quem busca “um rio aonde ir ter” ou no alcance de umas espécie de ideal platónico-cristão de mundo perfeito através do desprendimento aos prazeres terrenos, é antes a garantia de integridade e perseverança.

A natureza poligâmica do homem esta latente em todos os seus comportamentos. Actualmente gerou-se uma certa corrente feminina, fruto de um emancipação sexual recente, que tenta incutir na mulher esse mesmo espírito. È natural que assim o seja, porque décadas de machismo retrógrado, geram sentimentos mais efusivos.

Ouvia na rádio um programa onde algumas raparigas falavam dos seus feitos sexuais, como predadores que discutem as suas caçadas. E nisto exista algo de pouco genuíno, senti algo de vazio no que diziam.
Custa-me todavia a acreditar no amor, porque a abstracção que encerra é inexplicável: numa relação o amor seria uma ínfima parte de um todo que para além da natureza sexual e social, agrega muito de conveniência e de lei natural vigente.

domingo, janeiro 06, 2008

Sem Interesse

Boa Tarde,

Pretendo escrever um texto com o maior desinteresse possível, que ninguém por mais ébrio ou descompensado consiga considerar minimamente digno de leitura.
Que ninguém o possa usar no seu defecar diário, que não dê para constar sequer uma única frase, uma única palavra, numa casa de banho pública, onde muitas vezes se vê "faço broches grátis" acompanhado de um número de telefone, ou por exemplo "Zé Lino esteve aqui".

Que o seu desinteresse seja genuíno, que ninguém se atreva sequer a chegar até à linha que escrevo agora.

Espremido não dê sequer para treinar a leitura, tenha tantos erros gramaticais, tenha tanto do mesmo que passe seco e fofo a todos.

Mas não quero também que seja tão desinteressante que isso o torne interessante, por isso vou citar uma frase qualquer, “A moral fundamentada na razão, é o grande princípio orientador da conduta humana”, sempre soube esta frase, nunca percebi o que quer dizer, mas também não interessa.

Quanto mais escrever mais desinteressante o texto se vai tornar, porque mais trabalho dá ao leitor e assim vou seguindo.
Estou a tentar lembrar-me de coisas realmente desinteressantes para citar, mas pensar nisso é tão desinteressante que não me interessa…