segunda-feira, outubro 17, 2005

Palavras Soltas



Deixa-me com alguma nostalgia, aqueles tempos em que o Hip Hop tuga era realmente underground, não é que eu seja um saudosista, que acredita que D.Sebastião virá a cavalo para salvar Portugal, a verdade é que o Hip Hop saltou para primeiro plano, e agora ele está por ai, a rádio toca os hits da moda, desde o Boss Ac, a Dealemma, Ofício, Sagas, passando por aquelas que não são bem Hip Hop, mas que o Hip Hop trouxe para a moda, o Hip Hop é banda sonora de séries televisivas da TVI e também de um dos programas mais visto pelos jovens, a telenovela "Morangos Com Açúcar". Podemos até mandar um sms para um número desses que o anúncio se esforça por passar de pressa, o preço de valor acrescentado da mensagem, e conseguirmos uma música para o nosso telemóvel do "Peido Rap".
O Hip Hop está na moda. Lembro de há uns anos atrás ir à King Size, que era numa paralela à rua Augusta, e ir ao piso de cima (onde batia sempre com a cabeça), onde para lá estavam uns CD´s de Hip Hop tuga, porque o piso de baixo vendia roupa. Na altura eram dois ou trás CD´s de Hip Hop tuga, não consigo precisar.
O Hip Hop era pouco, mas genuíno. Fui há dias atrás a uma Fnac e reparei na quantidade de CD`s de Hip Hop tuga, antes era fácil acompanhar o que saia, agora já desisti de seguir o fio à meada, o mercado está inundado, e isso nem sempre é positivo.A verdade é que com o passar dos anos tudo vai mudando, e o Hip Hop é característico dos escalões etários mais novos, lembrando as fases poéticas de muitos autores, que na adolescência querem mudar o mundo, e vão cada vez mais ficando resignados e absorvidos pela sociedade. Se esse é o meu caminho, prefiro não crescer, e continuar a ser aquele eterno menino que julga poder mudar o mundo. Esta é a minha interpretação do Hip Hop, a cultura que marca a moda juvenil dos nossos tempos, mas essa mesma moda que me querem vender, não é aquela em que eu acredito e que habituei a amar e a viver, não é uma cultura de streetwear hiper-dispendioso, para quem quer "manter a pausa", não é o apelo à violência e ao consumismo, é antes uma visão estruturada da realidade, não disparando sem apelo nem agravo, e pior, sem sentido, em todas as direcções, sem pensar a realidade em causa.
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