domingo, outubro 07, 2007

Patriota? Quem? Eu?

Heróis do Mar, nobre povo, tão nobre que se aventurou numa epopeia sem precedentes na história da Humanidade, e por lá ficou, “no silêncio hostil/o mar universal e a saudade”. Visionários foram os homens que estiveram por detrás desta decisão, lançando Portugal para a alta-roda mundial e garantindo o sustento económico nos séculos seguintes.
A saga portuguesa além-mar, cedo foi marcada pelos constrangimentos e conjunturas vigentes, fazendo Portugal balançar ao sabor das forças e alianças políticas da altura. A história de Portugal no mundo é reflexo claro do nosso posicionamento geográfico e da nossa grande pequenez, que nos condicionou deste sempre a Política Externa.

País de brandos costumes, agarrado à tradição e ao hábito, não tem hoje a serenidade de assumir um compromisso diferente, do que a sua matriz cultura lhe incutiu.
Lembremos como a Liberté, Egalité e Fraternité, chegou nas mãos das baionetas invasores e nos fez (e ainda faz) confundir Patriotismo com Tradição, isto porque os ideais da revolução francesa, apoiados em Portugal pela elite intelectual (já na altura os pseudo-intelectualoides achavam que o melhor vinha de fora), chegaram com a boa intenção da democracia e liberdade, mas trouxeram os saques, vandalismo e pilhagens.
Ao nosso jeito meio aciganado, lá começamos por tentar negociar a paz a troco de dinheiro, excelente estratégia essa, ora Napoleão nunca pensaria: “Espera lá se eles podem pagar quantias de 25 milhões de francos pela paz, é capaz de haver lá bastante dinheiro” e havia com certeza, não estivéssemos nós a sugar todo o ouro brasileiro.
Eis que chega Junot a Portugal para libertar o Reino da Ignorância, e por cá haveriam de o propor a rei. Mas antes já do alto do nosso mais alto ciganismo, tentávamos não escolher entre os franceses, que tínhamos combatido em conjunto com os espanhóis, que mais tarde se amantizaram sem Portugal saber (o corno é sempre o último a saber) ou os ingleses que a essa altura já nos roubavam o sustento nacional do comércio brasileiro. E lá fomos nós a negociar mais uma vez, nem carne nem peixe, nem revolução nem decisão, e Napoleão manda Godoy a Portugal roubar laranjas e lá perdemos Olivença.
Toda esta apatia sempre nos foi levando aos trambolhões à maneira do desenrasca, e não é de estranhar que mesmo antes das tropas de Napoleão, comandadas por Junot, terem chegado sequer à fronteira de Portugal, já o rei preparava a trouxa e fugia para o Brasil.
A mudança é hoje vista com desconfiança, e continuamos a ser demasiado tácticos e pouco estratégicos.
Mas isso toda a gente sabe e cansa-me ler os artigos de jornais que propõem soluções para os problemas de Portugal, numa fórmula ambígua de resolver problemas. “Vamos investir nas pessoas, vamos especializarmo-nos”. Mas em quê? Onde? Quando?
É necessário uma estratégia comum que acabe com as politiquices partidárias, que na mudança de cor politica, fazem dos seus programas rigorosamente o contrário do programa do governo anterior, para se pautarem pela mudança e estratégia diferente, e ai reside o grande mal, criem com urgência uma concordância nacional, não precisa de ser em tudo, mas nas coisas efectivamente importantes, e por favor não as mudem, aceitem-nas como dogmas e mal necessário.