segunda-feira, maio 29, 2006

Candidaturas Abertas



Candidaturas Abertas

Jovem, se tens o 12º ano e os teus pais estão dispostos a investir, concorre a uma Universidade Pública Portuguesa e aproveita o investimento dos fundos públicos garantindo a tua futura inscrição (gratuita) no Centro de Emprego da tua residência.
Os cofres do Estado emagrecem todos os anos à mercê desses demónios flagelantes que são as Universidade e Politécnicos Públicos. Não imagino, mas não é preciso muito para perceber que é muito dinheiro, o que é gasto na manutenção dos muitos Institutos e Escolas Superiores públicas, e se muitos deles leccionam licenciaturas com interesse para o mercado de trabalho, outros existem com cursos que há muito saturaram o mercado, muito à mercê das universidades privadas, e que não servem em nada o investimento que lhes é feito.

Portugal não possui um número satisfatório de licenciados, o curioso é que muitos dos recém formados saem directamente para o desemprego. Não se passa aqui algo de errado? Ou no mínimo estranho?
Uma vez que o Ensino Superior Público é pago com os impostos de todos nós, embora seja cada vez menor a diferença entre pagar uma Privada ou Pública, não deveriam ter esses cursos um interesse directo para a sociedade, servindo as exigências desta?
Concordo que o ensino seja gratuito, mas se me interessar por Culinária, ou Tai Chi ou se me apetecer tirar um curso de Acupunctura, não terei de pagar para obter essa formação?
O Estado financia cursos onde quem os frequenta sabe à priori que o mercado de trabalho não necessita dessa área de formação, mesmo assim continuasse a desbaratar desta forma os recursos públicos. Não será uma questão de mau investimento? Financiar cursos que não servem ninguém para além daqueles que o frequentam?

Outra questão que me parece pertinente prende-se com o afastamento de muitas Universidades em relação à sociedade. Parece-me que seria sensato e ao mesmo tempo justo que houvesse um retorno da parte das Universidade Públicas, que usufruem de infra-estruturas públicas, em relação à sociedade onde se inserem.
As Universidades e Politécnicos são centros de estudo e investigação e o seu saber deveria ser usado pela sociedade, nomeadamente pelo Estado, garantindo uma ligação e promoção do Ensino junto da sociedade e retribuindo o investimento feito com dinheros públicos.
Quando falo em servir as sociedades, falo em aspectos tão simples como prestar serviços às câmaras ou juntas de freguesia, ou até mesmo a Institutos Públicos, esse tipo de iniciativas já existem em muitos sítios, mas não me parecem suficientes, esses serviços poderiam ser tão simples como o melhoramento do sistema informático de uma biblioteca ou de uma Câmara Municipal, a organização e promoção de um evento público, o auxílio na Contabilidade de uma Junta de Freguesia, etc. Não promovo a trabalho gratuito dos licenciados como acontece em muitos estágios, a ideia não é essa, é antes criar projectos em conjunto, chamar o Ensino Universitário à vida da sociedade, chamá-lo à realidade da qual se encontra muitas vezes afastado, no cimo da sua torre de formalismos e teorias.

Algumas das melhores Universidade do mundo já perceberam que não podem afastar-se do mundo e a valorização profissional dos docentes é tão maior quanto maior seja o envolvimento com o tecido empresarial ou com o mundo fora dos muros altos da faculdade. Em Portugal ainda existem casos onde o reconhecimento dos docentes está ligado à vida a que dedicaram à Universidade. Não obstante a importância que esses investigadores tenham, prestigiados académicos, julgo que faria mais sentidos serem eles a excepção e não a regra.


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