domingo, dezembro 14, 2008

Fechem a porta mas abram a janela

Sinto necessidade de partilhar algo que me deixa alguma mágoa...


Nasci na década de 80, em 83, num país já democrático, pelo menos politicamente falando, mas ainda com muitas sequelas das décadas de ditadura e conservadorismo que os antecederam.
As vantagens competitivas que deviamos descobrir em Portugal, não as vejo e a aposta nas pessoas e na valorização do mérito e do esforço individual é pouco expressiva.

Vivemos hoje numa sociedade brutalmente competitiva que com excepção do compadrio que ainda gere quase tudo de uma forma subreptícia e desonesta, as dificuldades são muitas.
A minha gente, essa que nasceu comigo por essa altura e que seguimos junto o mesmo caminho, vive numa incerteza e insegurança face ao futuro. Não tenho o discurso pessimista de muito e não falo para já do futuro colapso da segurança social, da recessão, etc...blá blá blá, preocupa-me muito mais o presente e a dignidade de cada um "O trabalho deve dignificar o homem" dizia Marx, mas grande parte de nós está em call centers, nos balcões de lojas, são comercias, estão nas obras, etc.
Não que isso seja menos digno ou que nos humilhe, a questão está na falta de oportunidade para que mostremos o nosso real potencial naquilo que somos bons.
Se no passado a formação era uma porta de entrada garantida, hoje é uma grande porta garantida para lado nenhum e vamos seguindo para licenciaturas, pós graduações, mestrados, doutoramentos, pós-doutoramentos que não nos levam a nada...e isso magoa, ao menos que se abra uma janela...
Vamos viver com os nossos pais até aos 40?

sexta-feira, dezembro 12, 2008

A Corrupção está em crise

Nunca ouvi tantas vezes a palavra crise e corrupção como nos últimos dias.
Será que as elas têm entre sí alguma relação? ou a primeira é resultado da segunda? ou a segunda resultado da primeira?
Ambas guardam entre sí semelhanças únicas que fazem delas, no mínimo primas afastadas. Ora vejamos, a primeira sempre existiu. Foi a crise de 29, as crises do petróleo, as crises demográficas, a crise dos mísseis de Cuba, as crises no casamento e o casamento em crise, as crises existenciais e até as crises epiléticas.
Por outro lado a corrupção, essa talvez sim a mais antiga "qualidade" do mundo, sempre cá esteve. Eva corrompe Adão, corrupção na polícia, corrupção na política, no futebol, na Banca, até o João Botelho fez um filme chamado "Corrupção".
Será que a crise potencia a corrupção ou é a corrupção que potencia a crise?
Portugal ocupa em 2008, segundo a Transparency International o 32º lugar nos países menos corruptos do mundo, ou seja, o potencial existe e a julgar pelos recentes casos de vigarice, acredito que a solução para a própria crise passe também pela corrupção como bem de carácter nacional. A corrupção é genuinamente portuguesa e assenta-nos como uma luva: copiar nos exames é mais que natural (é até obrigatório), oferecer umas notitas a um polícia para que não nos multe, até o famosos esquema de dar uma atençãozinha ao instrutor já foi uma prática bem comum, valha-nos isso, a tradição....