Diz NÃO ao Aborto mas vota SIM

Muita tinta já se escreveu sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, mas confesso que do ouriço espinhoso do meu machismo nada li nem investiguei sobre esta questão.
Mesmo sem uma opinião esclarecida não tenho qualquer dúvida em me afirmar incondicionalmente contra o aborto e julgo que ninguém no seu perfeito juízo será a favor de uma prática que empiricamente se prova ter consequências nefastas sobre o corpo e saúde mental da mulher.

O aborto não pode ser de modo algum apoiado, não faz qualquer sentido apoiar uma prática que prejudica severamente quem a pratica, agora tudo isso seria muito bonito e perfeito numa dessas utopias literárias em que o final é sempre feliz.

As razões que levam a mulher a praticar o aborto podem ser de diversas ordens, todas elas já amplamente identificadas e estudadas, o planeamento familiar a contracepção são acções em larga expansão mas ainda não chegam.

Quem se afirma pelo não, apresenta como argumento base o direito e a defesa da vida alicerçados por uma índole cristã que apenas atribui ao Criador o dom de a retirar. Não obstante o valor de todos esses movimentos, levanta-se uma questão pertinente, ora se tais movimentos apelam à defesa do direito à vida, porque não se insurgem contra a actual lei? Ou um embrião gerado por um crime de violação não é uma vida? Ou até mesmo um embrião com deficiências não é uma vida?
Julgarão esses movimentos que sendo o aborto ilegal, não recorrerão a ele centenas de mulheres que o farão em clínicas de esquina, sem qualquer tipo de apetrecho ou higiene, triplicando os riscos e as possíveis complicações?

Vamos continuar a condenar o aborto, a procurar eliminá-lo, vamos identificar as causas que levam as mulheres a recorrer a esta prática última, vamos combate-lo na sua raiz, mas por favor não vamos ser hipócritas ao ponto de criminalizar quem recorre a ele com base numa lei que de tão obsoleta e desajustada ninguém cumpre e apenas alguns velhos do Restelo, teimam em manter.