
A cada dia canso-me e os dias pesam-me cada vez mais, pasam vertiginosamente à minha frente e consomem-se um por um. A vida fuma-me como um cigarro fumarento. Vou rancorando-me pelas esquinas de uma sala escura. Ah como ser assim me irrita, a pasmaceira vagarosa da vida votima-me e eu vomito a vida todos os dias porque me enjoa.
Eu não queria ser assim e por vezes tendo glorificar-me deste meu estado, como tentando enganar-me à pressa com uma mentira que infesta por todo o lado.
Em tudo o que faço não consigo realizar esta minha ânsia de pelo menos em alguma coisa ou em algum sítio ser realmente importante, sou dispensável como uma mobília velha no sotão de uma casa, não sirvo para nada e nada me serve, estou à beira de um lar de jovens idosos, um apêndice irrelevante da vida de toda a gente. Às vezes na busca de me sentir procurado e útil, afasto-me com subtileza, afasto-me do mundo e continuo só... inútil...velho à borda do prato
